O Ministério da Saúde rastreou 11 milhões de casos de diabetes no país em 2001 – a prevalência entre os brasileiros com mais de 40 anos chega a 11%. Há quem acredite que comer doce aumenta o risco de desenvolver a doença, o que é um grande erro. Segundo o endocrinologista Antonio Carlos Lerario, da Sociedade Brasileira de Diabetes, além da predisposição genética, o consumo elevado de gorduras saturadas em uma dieta rica em calorias são os principais fatores de risco. Comer doce pode, mas com moderação.
Um estudo do Diabetes Prevention Program, dos Estados Unidos, acompanhou 3.234 pessoas com alguma predisposição à doença durante quatro anos, dividindo-as em três grupos. Naquele em que os pacientes foram submetidos a uma dieta para perder de 5 a 7% do peso e a 150 minutos de atividade física por semana, o risco diminuiu 59% em relação ao grupo de controle, em que o estilo de vida não sofreu mudança alguma. O resultado foi ainda melhor para quem tinha mais de 60 anos: 71%. O grupo que foi tratado com um remédio que estimula a produção de insulina pelo pâncreas (metformina) diminuiu em 31% os ricos de desenvolver a doença, e de forma mais efetiva em pessoas com mais de 45 anos. Esse mesmo estudo foi feito na escandinávia e na China e os resultados foram parecidos.
"Não tenho a menor dúvida de que evitar o ganho de peso, fazer exercício e comer menos gordura saturada pode prevenir o diabetes e até mudar a evolução da doença", afirma Lerario. Isso quer dizer que alimentos que diminuem o mau colesterol podem ajudar a combater a deficiência na produção da insulina. Por isso, o recomendado é incluir na dieta ingredientes ricos em ômega-3 (como os peixes de água fria salmão, atum, sardinha, cavala) e em gorduras mono e poli-insaturadas (azeite de oliva e óleos vegetais).
Quando a doença já está instalada, alimentos integrais são muito melhores do que os refinados, uma vez que o carboidrato é menos absorvido pelo organismo, diminuindo o índice glicêmico do sangue. A diferença não é assim tão grande, mas as fibras dos integrais oferecem outros benefícios, como diminuir o colesterol e melhorar o trânsito intestinal. Uma sugestão é substituir vegetais como mandioca, batata e mandioquinha por a outros em que os carboidratos são menos absorvidos, como cenoura, beterraba e as frutas. "Uma dieta normal deve ter de 50 a 60% de carboidrato, normalmente em forma de vegetais e frutas", diz o endocrinologista. As calorias de uma refeição devem ser equilibradas entre 50 a 60% de carboidratos, 15 a 20% de proteínas e o resto em gorduras, de preferência insaturadas.
Uma pesquisa do Hospital de Bocage, na França, de janeiro deste ano, mostrou que uma refeição com alimentos de alto índice glicêmico deve ser acompanhada de lipídeos e proteínas, para que o corpo não absorva todo o carboidrato da comida. Um exemplo simples dessa dica é comer macarrão à bolonhesa.
De acordo com Marília de Brito Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, os benefícios da alimentação na prevenção do diabetes, bem como de outras doenças epidêmicas, só terão validade se forem instituídos na infância. "A mulher oriental come soja desde criança e sofre menos dos sintomas da menopausa. Não adianta comer só depois de adulta", afirma. Por isso, Marília defende investimentos na educação nutricional das crianças, uma ação governamental em escolas, hospitais e universidades.
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