Se o ser humano desenvolveu com o tempo um cérebro tão grande isso se deu talvez porque ele foi obrigado a cooperar com seus congêneres e porque precisou aprender a trabalhar em equipe, segundo um estudo publicado no dia 11 de abril pela revista Proceedings of the British Royal Society.
De acordo com Lucas
McNally, um dos autores do estudo, "a mudança para sociedades mais
cooperativas, mais complexas, pode levar à evolução de um cérebro maior.
E com o aparecimento de níveis de inteligência mais elevados,
constatamos que a cooperação vai muito além".
Em comparação com o de seus antecessores hominídeos, o cérebro do Homo sapiens pode
ser visto como o de um gigante, mas os cientistas, apesar de seus
cérebros superdesenvolvidos, nunca puderam explicar porque evoluiu
assim.
Segundo pesquisadores irlandeses e
escoceses, a resposta pode ser muito simples: para sobreviver, o ser
humano precisou cooperar com seus semelhantes e, portanto, precisou se
dotar de um cérebro suficientemente grande para navegar na complexidade
das relações sociais.
Para realizar o estudo, projetaram um
modelo informático que reproduzia o cérebro humano, no qual a rede de
neurônios era capaz de evoluir para responder a uma série de desafios
sociais. Depois, submeteram este cérebro virtual a dois cenários. No
primeiro, dois delinquentes foram detidos pela política e cada um podia
decidir se denunciava ou não seu cúmplice. No segundo, ambos os
indivíduos, presos em um carro coberto pela neve, deveriam avaliar a
situação para determinar se uniriam suas forças para escapar ou se
deixariam simplesmente o outro agir.
Nos dois casos, um dos indivíduos
pensava que poderia obter mais benefícios sendo egoísta. O caso é que,
quanto mais seu cérebro evoluía, mais o indivíduo estava disposto a
cooperar, descobriram os pesquisadores.
"Com frequência cooperamos dentro de
grandes grupos de indivíduos que não se conhecem e isso exige
capacidades cognitivas para determinar quem está fazendo o que e para
ajustar nosso comportamento em função disso", disse Lucas McNally, do Trinity College de Dublin.
A cooperação não é totalmente
desinteressada e frequentemente é resultado de um cálculo para avaliar
os benefícios, sobretudo a esperança de uma devolução de favores, afirma
o pesquisador.
"Se você coopera e eu sou enganado, na
próxima vez você pode dizer: 'ele enganou da outra vez, e por isso deixo
de cooperar com ele'. Devemos cooperar para poder seguir nos
beneficiando da cooperação", resume McNally.
Segundo ele, o trabalho em equipe e a potência cerebral estimulam uns aos outros.
No entanto, há limites físicos para a
cooperação, relativiza Robin Dunbar, antropólogo especializado na
evolução na Universidade de Oxford.
"O tamanho atual de nosso cérebro limita
o tamanho da comunidade com a qual podemos interagir, aquela a qual
sentimos que pertencemos", indicou.
Fonte : http://www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=13273
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