23 abril 2012

Estudo aponta que trabalhar em equipe auxiliou a inteligência humana






Se o ser humano desenvolveu com o tempo um cérebro tão grande isso se deu talvez porque ele foi obrigado a cooperar com seus congêneres e porque precisou aprender a trabalhar em equipe, segundo um estudo publicado no dia 11 de abril pela revista Proceedings of the British Royal Society.
De acordo com Lucas McNally, um dos autores do estudo, "a mudança para sociedades mais cooperativas, mais complexas, pode levar à evolução de um cérebro maior. E com o aparecimento de níveis de inteligência mais elevados, constatamos que a cooperação vai muito além".
Em comparação com o de seus antecessores hominídeos, o cérebro do Homo sapiens pode ser visto como o de um gigante, mas os cientistas, apesar de seus cérebros superdesenvolvidos, nunca puderam explicar porque evoluiu assim.
Segundo pesquisadores irlandeses e escoceses, a resposta pode ser muito simples: para sobreviver, o ser humano precisou cooperar com seus semelhantes e, portanto, precisou se dotar de um cérebro suficientemente grande para navegar na complexidade das relações sociais.
Para realizar o estudo, projetaram um modelo informático que reproduzia o cérebro humano, no qual a rede de neurônios era capaz de evoluir para responder a uma série de desafios sociais. Depois, submeteram este cérebro virtual a dois cenários. No primeiro, dois delinquentes foram detidos pela política e cada um podia decidir se denunciava ou não seu cúmplice. No segundo, ambos os indivíduos, presos em um carro coberto pela neve, deveriam avaliar a situação para determinar se uniriam suas forças para escapar ou se deixariam simplesmente o outro agir.
Nos dois casos, um dos indivíduos pensava que poderia obter mais benefícios sendo egoísta. O caso é que, quanto mais seu cérebro evoluía, mais o indivíduo estava disposto a cooperar, descobriram os pesquisadores.
"Com frequência cooperamos dentro de grandes grupos de indivíduos que não se conhecem e isso exige capacidades cognitivas para determinar quem está fazendo o que e para ajustar nosso comportamento em função disso", disse Lucas McNally, do Trinity College de Dublin.
A cooperação não é totalmente desinteressada e frequentemente é resultado de um cálculo para avaliar os benefícios, sobretudo a esperança de uma devolução de favores, afirma o pesquisador.
"Se você coopera e eu sou enganado, na próxima vez você pode dizer: 'ele enganou da outra vez, e por isso deixo de cooperar com ele'. Devemos cooperar para poder seguir nos beneficiando da cooperação", resume McNally.
Segundo ele, o trabalho em equipe e a potência cerebral estimulam uns aos outros.
No entanto, há limites físicos para a cooperação, relativiza Robin Dunbar, antropólogo especializado na evolução na Universidade de Oxford.
"O tamanho atual de nosso cérebro limita o tamanho da comunidade com a qual podemos interagir, aquela a qual sentimos que pertencemos", indicou.

Fonte :  http://www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=13273

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